quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Um recado, com muito carinho, a algumas pessoas queridas.

"Eu sou eu; você é você. 
Eu faço as minhas coisas e você faz as suas. 
Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas. 
E nem você o está para viver de acordo com as minhas. 
Eu sou eu; você é você. 
Se por acaso nos encontrarmos, é lindo. 
Se não, não há o que fazer"

(Oração da Gestalt)


  - Eu sou eu; você é você.
Numa relação, eu sou eu e você é você, ou seja, somos pessoas inteiras e completas, unidas, não fundidas. O primeiro passo para um relacionamento saudável é você assumir as responsabilidades pelo que faz, pelo que sente e pelo que pensa, e saber exatamente quem você é, a que veio, do que é capaz, quais são suas limitações, suas qualidades e seus defeitos. O segundo passo é você admitir o outro como OUTRO, como alguém alheio a você, com experiências, conflitos, pensamentos e sentimentos próprios, independentes dos seus. Ou seja, o outro é aquilo que ele absorveu de tudo que viveu, não um projeto das suas expectativas e, portanto, muitas vezes os comportamentos dele não são dirigidos a você, mas tão-somente são consequências dos seus referenciais de vida.

- Eu faço as minhas coisas e você faz as suas.
Imaginemos um indivíduo como um círculo: dois círculos que não se tocam são apenas dois indivíduos; não há relação. Se, no entanto, esses dois círculos sobrepõem-se um ao outro, também não há relação, mas uma situação de fusão completa (quando os dois deixam de ser indivíduos e passam a ser espelhos um do outro). Só há, de fato, uma relação quando os dois círculos fazem entre si uma interseção (um ponto convergente, em comum), mas sem ignorar o fato de que ambos têm, também, espaços próprios, individuais, de preferências e interesses próprios.

- Não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas, e você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas.
Quando nos relacionamos com alguém, procuramos a todo instante satisfazer as expectativas que esse alguém projeta em nós. Contudo, isso pode ser extremamente prejudicial e nocivo tanto às pessoas envolvidas (separadamente) quanto ao próprio relacionamento. Isto porque, agindo de acordo com a expectativa alheia, você perde o que essencialmente chamou a atenção do outro no início; além disso, essa é uma maneira de camuflar (de si e do outro) suas verdadeiras necessidades, sobrepujadas por aquelas criadas para atender ao outro, o que necessariamente acarretará numa sensação de não-reciprocidade ETERNA, afinal, o outro está satisfazendo a imagem que você criou (para agradá-lo), não o seu verdadeiro eu. Isso significa que quanto mais você doar esperando suprir as expectativas alheias, mais esperará por reciprocidades que virão cada vez menos, isso porque temos a ideia errônea de que seremos tratados da mesma maneira com a qual tratamos o outro, quando, na verdade, somos tratados pelo outro da mesma maneira com a qual nós nos tratamos a nós mesmos.

- Se por acaso nos encontrarmos, é lindo. Se não, não há o que fazer.
O amor não é, nem de longe, suficiente em si mesmo. Se não houver afinidades, respeito e aceitação da individualidade alheia, ele não se sustentará sozinho... O ideal é ser sempre sincero (consigo mesmo, antes de mais nada) e direto quanto às suas expectativas, aos seus pensamentos e aos seus sentimentos em relação ao outro, para que ambos estejam cientes do que querem desse relacionamento e vejam até onde podem ceder sem que percam sua individualidade. Se houver concordância e aceitação dos desejos, dos pensamentos e dos sentimentos do outro, ótimo. Caso contrário, não há o que fazer, e tentar talvez seja apenas uma maneira de continuar ferindo algo que fatalmente já está predestinado a ter um fim.

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